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segunda-feira, 14 de março de 2011

DÔSSIÊ 2. ROTEIRO DE TRABALHO B5 . A PRÉ-LEITURA

ROTEIRO DE TRABALHO
B.  APROFUNDAMENTO DE CONHECIMENTO SOBRE CADA UMA DAS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS
B5: A PRÉ-LEITURA
«O aluno deve tomar consciência e aprender a pôr em prática três etapas fundamentais do acto de ler: pré-leitura, leitura e pós-leitura.
i.                    Na pré-leitura, o professor deve privilegiar a mobilização de conhecimentos prévios dos alunos que se possam articular com o texto, antecipando o seu sentido.»
                                                                                                 (pág. 70, NPPEB)
Sabe-se hoje que um bom leitor parte do conhecimento que tem do mundo e dos textos e integra esse conhecimento prévio com o material do texto.
Utiliza - o para antecipar sentidos e para formular hipóteses sobre o texto.
Fundamentação de objectivos pedagógicos
«A leitura alimenta-se de outras leituras.
 O papel da motivação
Em contexto escolar, motivação e envolvimento articulam-se grandemente com a atribuição de sentido às tarefas que são realizadas – saber por que se lê e implicar-se no sucesso da actividade. (…) As competências em leitura desenvolvem-se de forma mais consistente quando os professores recorrem a contextos de ensino e aprendizagem que coloquem o aluno perante tarefas claras e concretas, orientadas para propósitos com sentido, e que impulsionam o aluno a fazer escolhas de forma autónoma.
Neste sentido, deve-se também entender que um dos motores da motivação assenta no par novidade/reconhecimento: a conjugação da leitura de textos fáceis e difíceis; a conjugação de diferentes formas de organizar a leitura (grupo-turma; pequenos grupos, pares, individual (…)»
«O papel da memória
O contacto continuado com os textos favorece o fornecimento de relações e de redes entre os textos, nomeadamente ao nível dos elementos que os aproximam ou que os separam                 (semelhanças e diferenças em termos de estrutura, em termos temáticos, ou outras). Forma-se um sistema de ecos (Rouxel, 1996) que desenvolve as capacidades intelectuais, apoiando os processos de compreensão e de interpretação e a progressão, possibilitando a leitura de textos com dimensão e complexidade crescentes. O conhecimento assenta na memória e um dos elementos mais importantes na aprendizagem reside na construção de imagens mentais e de esquemas que vão integrando e consolidando os conhecimentos adquiridos: estes  conhecimentos são activados sempre que nos encontramos perante uma nova situação de leitura e são enriquecidos perante cada elemento novo.» (G.I.P.P.E.B.- Leitura)
ACTIVIDADE
PROMOÇÃO DA LEITURA DA OBRA O RAPAZ DO PIJAMA ÀS RISCAS, JOHN BOYNE. OBRA INDICADA PARA O CONCURSO NACIONAL DE LEITURA
(8º/9ºano – 3º Ciclo)
MOTIVAÇÃO:
Objectivo (propósito pedagógico)
Estimular a leitura, despertar a curiosidade e o interesse, bem como a compreensão do contexto histórico político e social retratado na obra citada;
Divisão da turma em dois grupos:
·         Um deles analisa as imagens sugeridas, na sala de aula, e faz o levantamento de hipóteses/expectativas de leitura e atribui uma legenda a cada uma delas (intertextualidade exoliterária);
·         O mesmo grupo analisa os elementos paratextuais da obra indicada (capa, título, contracapa, imagem, com o mesmo objectivo…)
·         Outro grupo visiona, apenas e previamente, o filme/trailor O Rapaz do Pijama às Riscas, Mark Herman (Reino Unido 2007), na Biblioteca (BECRE)
(ou eventualmente o filme A Vida é Bela, protagonizado por Roberto Benigni http://www.youtube.com/watch?v=5GnpBvKvZsk  , que recebeu o Óscar 1999 EUA, melhor actor, melhor filme estrangeiro e melhor música).
·         Tempo da actividade igual para os dois grupos.
Na aula seguinte, apresentam as suas hipóteses de leitura, partilham ao grupo – turma  as suas experiências  de estímulo para a leitura,  face às formas de arte utilizadas: fotografia e filme (intertextualidade exoliterária, isto é, com outras formas de arte).
·         Actividade orientada por um guião (ex: levantamento de características e pormenores de vestuário, aspecto físico das pessoas, descrição de espaço -» compreensão posterior do espaço social da obra…)
PRÉ-LEITURA
Objectivo:
Estabelecer relações e redes entre textos de  matrizes discursivas e tipologias diversas - texto literário e texto não literário (media), (“sistema de ecos”, Rouxel, 1996) com o intuito de relacionar conhecimentos sobre a mesma temática e activar a memória perante  uma nova situação de leitura.
Divisão da turma nos mesmos dois grupos:
·         Um grupo lê um excerto do Diário de Anne Frank (relato verídico de uma jovem judia que viveu os horrores da perseguição nazi durante a Segunda Guerra Mundial);

Querida Kitty:

Sinto como que marteladas na cabeça! Nem sei por onde começar. Sexta-feira (Sexta-feira Santa) à tarde, e no sábado também, fizemos vários jogos. Esses dias passaram-se sem novidade e bastante depressa. No domingo pedi ao Peter que viesse aqui e mais tarde subimos e ficámos lá em cima até às seis horas. Das seis e quinze até às sete horas ouvimos um belo concerto de música de Mozart; do que mais gostei foi da «K'eine Nachtmusik». Não consigo escutar bem quando há muita gente à minha volta, porque a boa música comove-me profundamente.

                                               

Domingo à noite o Peter e eu fomos ao sótão. Para estarmos sentados confortavelmente, levamos umas almofadas que pusemos em cima de um caixote. O sítio é estreito e estávamos muito apertados um contra o outro. A Mouchi fazia-nos companhia. Assim havia quem nos vigiasse. De repente, às nove menos um quarto, o sr. van Daan assobiou e perguntou se nós tínhamos levado uma almofada do sr. Dussel. Saltámos do caixote abaixo e descemos com as almofadas, o gato e o sr. van Daan. Por causa da almofada do sr. Dussel desenrolou-se uma verdadeira tragédia. Ele estava desaustinado por termos levado a sua «almofada da noite». Receou que a enchêssemos de pulgas, fez cenas tremendas por causa de uma reles almofada. Como vingança, o Peter e eu metemos-lhe duas escovas duras na cama. Rimo-nos muito daquele pequeno «intermezzo». Mas o divertimento não havia de ser de longa dura. As nove e meia o Peter bateu à porta e pediu ao pai que subisse para lhe ensinar uma frase inglesa muito complicada.

- Aqui há gato - disse eu à Margot. - Ele não está a dizer a verdade.

E tinha razão. Havia ladrões no armazém. Com rapidez, o pai, o Peter, o sr. van Daan e o Dussel desceram. A mãe, a Margot, a srª van Daan e eu ficamos à espera. Quatro mulheres cheias de medo não podem fazer outra coisa senão porem-se a falar. Assim fizemos. De repente, ouvimos, lá em baixo, uma pancada forte. Depois, silêncio. O relógio deu dez menos um quarto. Estávamos lívidas, muito quietas e cheias de medo. Que foi feito dos homens? O que é que significava aquela pancada? Haverá luta entre eles e os ladrões? Dez horas. Passos na escada. Entra primeiro o pai, pálido e nervoso, depois o sr. van Daan.

- Fechem a luz. Subam sem fazer barulho. Deve vir a polícia.

Agora não havia tempo para medos. Fechámos a luz. Ainda peguei no meu casaquinho e subimos.

- O que aconteceu? Depressa, conta! - Mas não havia ninguém que pudesse contar, porque os senhores já tinham descido outra vez. Às dez e dez voltaram, dois ficaram de guarda na janela aberta, no quarto do Peter. A porta do corredor ficou fechada. A porta giratória também. Sobre o candeeiro lançámos uma camisola. (…)»
                                                                        in Diário de Anne Frank

·         Outro grupo lê o artigo da Revista Única, in Expresso, 12 Março 2011: “Auschwitz, manual de Instruções”, por Clara Ferreira Alves (pp.42-46). (Campo de concentração onde os Nazis mataram 1.3 milhões de seres humanos há 60 anos atrás, agora visitado pela colunista do Expresso).
·         Será  atribuído o mesmo tempo a cada grupo;
·         Na aula seguinte, partilham a experiência de pré-leitura ao grupo – turma.
·         Ambas as experiências deverão ser orientadas por um guião de leitura (Ex: levantamento das condições de vida dos judeus; marcas de perseguição e discriminação; marcas de sensações de medo, insegurança; faixa etária das personagens – tópicos que permitam a análise contrastiva com a obra O Rapaz do Pijama às Riscas,... -» reconhecimento).



N.B. Consultar para saber mais:

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